Mãe-Natureza, que és tão bela e poderosa, que controlas o mundo e ajudas o pai Universo, o que te fizemos? Tu que nos ajudas tanto, que nos amas e nos crias... Nós que nascemos do teu ventre, crescemos e matamos os nossos irmãos mais velhos, algumas vezes, até os mais novos também... Os nossos irmãos, que são os mais puros, mais sábios, mais naturais, porque nascem em ti, nós destruimo-los... Como? Não consigo entender... Portanto peço que me perdoes, porque faço parte dos teus filhos assassinos... O quanto eu amava ser tua filha, nascida de ti e em ti.
Hoje, no autocarro, no caminho para casa, senti-me como ah muito não me sentia. Senti-me mal, fraca, desiquilibrada, atormentada, por algo que nem tu consegues explicar, Mãe. Sabia que ia ficar bem, porque sempre que estou mal o pai Universo ajuda-me, eu penssei "Calma. O Universo está contigo, ele não te vai abandonar, nem ele, nem "Deus", nem a Natureza. Eu sei que vou ficar bem. Eles estão comigo e em mim." e de facto, foi o que aconteceu. Suportei até ao fim, todo aquele tormento. Quando o autocarro, por fim, chegou ao meu destino e saí do interior do autocarro, senti-me zonza, fraca, via mas não via nada do mundo real. Eram apenas meras imagens que ali estavam ao acaso. Desiquilibrei-me. Consegui meter a mão ao bolso e tirei o meu colar de protecção (a única coisa, que eu naquele momento tinha a certeza ser o real, era a minha única ligação ao mundo real), coloquei-o na mão esquerda. Passado uns segundos, consegui sentir novamente o que se passava a meu redor. Lentamente fui recuperando os sentidos, vislumbrei as minhas irmãs árvores. Andei, andei, andei... Até chegar a uma rua com muitas árvores.
E, ah muito tempo que não me sentia, como me senti. Recuperei totalmente e por fim, consegui sorrir, um sorriso grande e sincero, que me iluminou toda por dentro. Agradeci ao Universo, a ti, mãe. E disse em voz alta "Obrigada Universo, obrigada mãe Natureza. Eu sabia que voçes me iam ajudar." nesse momento, só queria abraçar todas aquelas árvores nuas, lindas. Toquei em todas as que se encontravam ao longo do meu caminho e quando tocava nos seus ramos, na sua casca, nas suas folhas senti que em cada toque uma luz se fazia sentir. Senti uma felicidade tão grande! Senti que a minha alma voltou a brilhar, que os meus olhos ganharam um brilho ah algum tempo esqueçido. Senti que nada me podia fazer chorar. Senti-me tão bem, mãe. Obrigada por estarem comigo. Tu, o meu pai, as minhas irmãs que tanto me ajudaram. Quando estava a meio caminho da minha rua, começou a chover, e o simples toque frio, molhado e doce das gotas de água me fez ver, mais uma vez, o quanto tu és bela e de como toda a tua criação é mágica. Senti-me bem, iluminada. Depois, vi um homem em passo largo, com a cabeça completamente tapada, para não apanhar "chuva" e eu só consegui pensar no quanto aquele homem era cego e estúpido, para não conseguir apreciar o amor e a luz daquelas simples gotas que caíam do céu, como por magia. Ri-me para mim mesma, ao pensar no quanto o ser humano -teu filho- poderia ser tão inteligente para umas coisas e tão cego para outras.
Obrigada.